Puerto Barrios com 76,450 habitantes é o ponto de partida para apanhar lanchas, tanto para Livingston como para Punta Gorda, no Belize.
Livingston fica num golfete e é apenas acessível por barco para o resto do país, para as Honduras e para Punta Gorda no Belize.
Topogigios são saquinhos de plástico com sumo de fruta congelado e Antojitos são petiscos ou tapas.
A Livingston chamam-lhe ‘Buga’, que significa ‘boca’, pela sua posição na boca do rio. Aí vive uma grande comunidade Garífuna, os descendentes de Africanos, cujas raízes remontam à ilha de Roatán, nas Honduras.
A viagem na lancha até Livingston
Chegámos passada meia-hora e mal saímos era óbvio de que estávamos na Caraíbas. As pessoas, as casas de madeira coloridas construídas acima do chão, os restaurante vendendo pratos de peixe e as senhoras a oferecerem para fazer trancinhas no cabelo. O curioso de Livingston e o que a diferencia do resto da Guatemala é que aí convivem Garífunas, descendentes de europeus e comunidades Mayas.
Depois de procurar por todo o lado onde ficar, acabámos por escolher ‘Los Rios Tropicales’, uma hospedagem na rua principal. Chovia e o tempo estava cinzento, nada apetecível para passear.
Enquanto procurávamos um sítio para jantar, um senhor chamou-nos para o seu restaurante e mostrou-nos o menú, um papelito com as escolhas escritas à mão. Confessou-nos que vendia o prato de peixe a metade do preço do seu sobrinho que era dono do restaurante ao lado. Entrámos e imediatamente nos mostrou o peixe, camarão e lagostins de que poderíamos disfrutar se aí jantássemos. O senhor chamava-se Richard ‘para le servir’, provavelmente na casa dos 70 anos e pai de (pelo menos) dois filhos pequenos. Para além de chamar os clientes ao restaurante ‘El Recuerdo’, Richard é também o chef e empregado de mesa, ajudado apenas pela sua esposa. 'El Recuerdo’ é armazém transformado em restaurante muito humilde, com quatro mesas de plástico, duas dentro e duas fora; uma arca frigorífica com o peixe e marisco e outra com cerveja e sumos; um balcão onde atrás havia dois colchões onde dormiam os filhotes. E uma aparelhagem tocando música latina, ao som da qual dançava a filhota do Richard e… a Carolina!
Dia 57 Quarta-Feira 07.03.2012 Livingston ‘Siete Altares’
Os ‘Siete Altares’ ficam a 5km a pé do centro de Livingston, caminhando sempre pela praia ao longo da ‘Bahía de Amatique’. Depois de caminhar os 5km entramos numa aldeia da comunidade Garifuna e passados vinte minutos e Q15 depois temos perante nós 7 cascatas espectaculares.
Caminhámos quase até ao topo e parámos para tomar banho. Um lugar espectacular, também pela surpresa de de repente termos à nossa frente algo totalmente inesperado e escondido.
Não sabia que a minha cunhada tinha um barco por estas bandas…
Paragem para beber uma água de côco (demasiado cedo para um coco loco: água de côco com rum)
É um lugar diferente de tudo o resto, tanto pela caminhada que se faz até aí chegar, como pela beleza das cascatas. A água é completamente transparente e, pode-se dizer que estava no mínimo fresquinha.
À saída havia um mural contando a história de Livingston e dos seus povos: “(…) la identidad cultural de los pueblos se forma de acuerdo con el medio en que viven, specialmente con relación a la concepción que tienen sobre su ambiente y la interacción que existe entre el hombre y la naturaleza con el universo (…)”. Outro mural contava um pouco do idioma Garifuna e d sua importância enquanto identidade de um povo e, não apenas, palavras faladas: “La lingua es la forma de expresión, posee importancia porque evidencia el paso historico de una nación, los pueblos que aun conservan su forma de hablar tienes fehaciente de que nunca fueran esclavizados (…)”.
À noite voltámos ao El Recuerdo para jantar. Depois de dar voltas pela cidade facilmente percebemos que nenhum lugar oferecia peixe ou camarão ao preço que pagámos. Uma coisa curiosa é que muitos restaurante têm à porta um cartaz ou no seu menú especificado que os alimentos são lavados e cozinhados com água pura e potável. Por aqui não é aconselhável beber água da torneira, todos compram ou saquinhos de água (os mesmo que já tínhamos visto na Gâmbia, o que sai mais barato) ou garrafas de água. Nas lojas ou na rua dão-te sempre à escolha, ora saquinhos de 500ml ou garrafas de água.
Dia 58 Quinta-Feira 08.03.2012 Livingston-Rio Dulce-Antigua
O nosso objectivo era chegar até Antigua, o que implicava apanhar um barco de Livingston até Rio Dulce, daí um autocarro para a capital Guatemala e trocar para Antigua. O passeio de barco entre Livingston e Rio Dulce é um dos pontos altos de uma viagem à Guatemala. Lembrou-me os fiordes Noruegueses, obviamente com paisagens diferentes, mas pelo serpentear do rio entre vegetação de proporções enormes, que nos faz sentir bem pequeninas no barco.
O passeio de barco fazia parte de uma tour, que também incluía uma paragem numas águas termais e uma visita a um castelo (que não chegou a acontecer, vimos apenas desde o barco de passagem).
Tomámos banho nas águas termais, mas o cheiro era tão intenso que passados dois minutos saí da água com vontade de tomar um duche frio!
Terminado o passeio de barco, mal chegámos a Rio Dulce havia uns dez homens dizendo “táxi? táxi? hotel? hotel?”, nem deu tempo para respirar e sair do barco como deve ser! Nós só queriamos sair dali e procurar o terminal de autocarros. O calor asfixiava e, depois de uns dias menos quentes em Livingston, parecia que o corpo já tinha esquecido o que são 30 graus… à sombra! Perguntando aqui e ali, lá chegámos ao terminal: bilhete comprado para Antigua com troca em Guatemala: partida ao meio-dia e hora prevista de chegada à capital às cinco da tarde, o que daria tempo suficente para apanhar o das seis da tarde para o nosso último destino do dia. Só deu tempo para comer qualquer coisa e lá fomos, sem saber o que viria a acontecer…
Começámos a viagem, passada uma hora o autocarro fez a sua primeira paragem para comidas e bebidas e, depois de um licuado de morango, seguimos. De referir que na Guatemala e, penso que o mesmo acontecia nas Honduras, as malas são revistadas à entrada do autocarro, por um guarda armado. Outro facto de realçar é a quantidade de sinais espalhados por restaurantes, lojas, estações com o sinal de proibido de entrar com armas de fogo. No início, parecia um pouco surreal, mas depois de ler os jornais diariamente, como temos feito, é fácil de perceber a facilidade com que se tem acesso a armas e o problema que constituem por estas sociedades. Na Guatemala temos lido o ‘Prensa Libre’, um jornal diário com artigos de opinião que nos fazem entender o contexto e as condições em que este país vive. Depois de começar a ler o jornal, tudo na rua começou a fazer mais sentido. O que salta logo à vista é que as primeiras páginas são sempre sobre assassinatos por tiroteios (maioritariamente na capital), por motivos tão díspares como invejas entre comerciantes, assaltos à mão armada com retaliação, roubos em táxis, entre tantos outros. O outro assunto a corrupção dos políticos. E o ‘Prensa Libre’ não é um jornal sensacionalista, é um jornal informativo e com credibilidade.
Enfim, voltando à nossa viagem, o que aconteceu a seguir foi que houve um acidente de trânsito no caminho e estivemos paradas na estrada um sem fim de horas.
12 horas enfiadas no autocarro e os filmes que passavam eram todos de terror e violência!
Como estamos na Guatemala, não pudemos sair do autocaro para esticar as pernas e espreguiçar, porque não se sabe quem anda pelas estradas. A verdade é que chegámos à capital à meia-noite! Apanhámos um táxi para um hotel e, na manhã seguinte, fomos apanhar o outro autocarro para Antigua.
Dia 59 Sexta-Feira 09.03.2012 Guatemala Capital-Antigua
Chegámos à estação e o motorista diz-nos: “vocês são as duas senhoras que ontem tinham bilhete pars Antigua? Eu estava aqui à vossa espera e, como é proibido esperar na rua, disse aos taxistas que me avisassem quando vocês chegassem. Quando vi que o autocarro tinha chegado saí, perguntei por vocês e um taxista diz que vos levou até um hotel, em vez de me vir avisar”. Bem, a intenção é que conta…
Saída prevista às duas… outro acidente na estrada entre Rio Dulce e Guatemala. Como no dia anterior, havia pessoas nesse autocarro que tinham bilhete para Antigua. Ainda esperámos até às três para ver se chegavam, (deu tempo para almoçar nos famosos comedores guatemaltecos)mas nada. Começámos a pensar se os astros nos estavam a querer dizer qualquer coisa: chegaríamos a Antigua? É de realçar que Anitgua fica apenas a uma hora da capital- hora mais longa desta viagem até agora!
Uma senhora muito aprumada, ao bom estilo do sul da Europa, vendendo a lotaria.
Diz que a paciência é uma virtude…
Chegámos a Antigua e deu logo para perceber de que era uma cidade linda.
Depois de procurar onde ficar, fomos dar um passeio pela cidade, visitar o mercado e fazer compras ao supermercado para a próxima semana. A intenção era ficar em Antigua uma semana.
Dia 60 Sábado 10.03.2012 Antigua
e seguimos…