Primeiro umas fotos de umas flores lindas em Punta Uva.
No dia anterior, a caminho de Punta Uva conhecemos uns Costa-Riquenses, por coincidência dois deles, Fray e Kenneth, eram enfermeiros e o terceito, Alejandro era estilista/maquilhador, o que se veio a revelar bastante útil… No regresso a Cahuita, voltámo-nos a encontrar no autocarro e começámos a conversar. Os três viviam em Heredia para onde nós tínhamos planeado viajar no dia seguinte. Sexta-feira bem cedo apanhámos todos o autocarro. Chegámos e o Fray convidou-nos a todos para almoçar na sua casa. Um almoço espectacular: fajitas, plátano frito com natillas, arroz, guacamole e muito mais.
O almoço foi só o início da sua espectacular hospitalidade. O Alejandro e o Kenneth convidaram-nos para ficar a dormir na sua casa, levaram-nos de carro a conhecer Heredia, prepararam um pequeno-almoço digno de novela brasileira e dois jantares muito saborosos. Como se isso não fosse suficiente, o Alejandro que é cabeleireiro, cortou o cabelo à Filipa, fez-lhe as sobrancelhas e maquilhagem! Desdobraram-se em esforços para nos fazerem sentir bem-vindas, ao ponto de acordarem Domingo às 4h da manhã para nos levarem à paragem de autocarro.
A sessão de cabeleireiro teve lugar no dia seguinte, depois de uma visita à capital San José, mas ficam já aqui umas fotos e um vídeo.
‘Nina’ muito atenta ao que se estava a passar
Heredia é uma cidade bonita, com uma praça muito semelhante às praças que nós conhecemos: uma igreja e as pessoas sentadas no banco a comer gelados e a ver a vida passar.
Dia 25 Sábado 04.02.2012 San José, capital da Costa Rica
San José é uma cidade que não tem a melhor das reputações. Depois de visitar a cidade, parece-nos bastante injusta a má fama que tem. Uma coisa a ter em conta é que em San José, como em Heredia, e outras cidades as ruas não têm nome. As direcções baseiam-se em pontos conhecidos da cidade (que podem até já nem existir!), por exemplo: ‘o hotel fica a duas quadras sul do antigo cinema e a três quadras norte da sapataria Mariazinha’. O Alejandro explicou-nos que quando se apanha um táxi tem sempre que se saber para onde se vai para se explicar o caminho ao taxista ou pelo menos ter um ponto de referência. E… não há serviço de correios na Costa Rica. Não nos perguntem, mas ainda não percebemos como é que as pessoas recebem cartas, contas ou flores! Voltando a San José que é uma cidade com muita vida e muito comércio. Um dia não é suficiente para visitar tudo o que a cidade tem para oferecer: parques, praças, museus, teatro, cafés, exposições, concertos… especialmente se a Filipa decidir, como aconteceu, aprender o baile típico da Costa Rica, recentemente considerado património nacional, numa das praças principais da cidade, onde havia aulas grátis.
Almoço no Mercado Central em San José
Parámos para almoçar o típico casado no Mercado Central, onde para além de inúmeras sodas, havia de tudo para comprar: frutas, peixe, marisco, recuerdos, artesanato e, muito importante, agulha e linha que comprámos para coser as alças que se estavam a romper de uma das nossas mochilas.
‘Hacer paz es ser cortés en carretera’
Exposição itinerante promovida por vários artistas e escolas num apelo à paz.
Decididamente ficámos com vontade de passar mais tempo em San José.
Dia 26 Domingo 05.02.2012 Heredia-San José-Montezuma
Despedimo-nos de Fray, Alejandro e Kenneth e rumámos a Montezuma, no Oesta da Costa Rica. Demorou um dia inteiro a lá chegar: autocarro de Heredia a San José, de onde trocámos para outro que nos levou até Puntarenas. Daí um ferry até Paquera, outra vez autocarro até outra terra onde finalmente apanhámos o autocarro até Montezuma. Esta é uma zona de praias, a hospedagem onde ficámos era em cima da praia, mas… não se podia tomar banho no mar, pois havia uma contaminação na água de umas algas (“marea roja”). Há várias praias na área, mas depois de um dia de viagem tão longo ficámos por aí.
Pai: és tu de pólo verde no barco?!
Carolina Herrera cosendo uma mala da sua última colecção Primavera/Verão
Dia 27 Segunda-feira 06.02.2012 Montezuma
Montezuma é uma vila tranquila que atrai artistas e hippies, para além de surfistas. A maioria das pessoas passa o dia deitada numa rede na praia a relaxar. Como fazia um calor enorme e, como não podíamos tomar banho no mar, caminhámos até uma cascata a meia-hora a pé.
Na caminho de regresso estava uma lua cheia impressionante. Parecia um farol, tal a sua luminosidade.
Dia 28 Terça-feira 07.02.2012 Montezuma-Libéria
Acordámos cedo, porque já sabíamos que a viagem para sair de Montezuma seria longa. Fomos até Paquera, onde apahámos o ferry para Puntarena e um autocarro que nos deixou num cruzamento onde trocaríamos para Libéria. Nesta altura não sabíamos bem para onde íamos, porque é difícil de saber as horas exactas a que passam os autocarros. Enquanto esperávamos, almoçámos um casado que estava rico e umas tortillas com carne e couve.
Inicialmente a ideia era ir para Tamarindo, então o senhor do restaurante disse que nos avisaria quando viesse o autocarro. Entretanto, mudámos de ideia e decidimos ir para Libéria, sem avisar o senhor do restaurante. Os autocarros para Libéria passavam e nós, que a este ponto já tínhamos pedido almoço, gritávamos “é aquele, é aquele!” e, o senhor dizia que não. Pois se ele pensava que nós íamos para um lado e nós íamos para outro! Enfim, depois de almoço seguimos para Libéria.
Chegámos a Libéria por volta das oito da noite e já não saímos da pousada onde passámos a noite. Ainda por cima, a pousada tinha televisão internacional, incluindo… TVE! A Carolina não continha a sua felicidade a ver ‘Destino: Espanha’, um programa sobre estrangeiros que vivem em terras do Rei Juan Carlos, quando a seguir nas notícias aparece Lepe, a sua terra natal. Perfeito!
Dia 29 Quarta-feira 08.02.2012 Liberia-Playa Hermosa
Liberia é uma cidade com 50,000 habitantes no Norte da Costa Rica, com uma praça bonita e uma igreja simples e moderna.
A rua onde ficava a nossa pousada estava repleta de casas coloniais, umas transformadas em hotéis, outras em cafés e bibliotecas. Tomámos o pequeno-almoço num dos bonitos cafés, onde também havia uma galeria de arte e um estúdio de música.
De manhã demos uma volta pela cidade e depois apanhámos um autocarro para Playa Hermosa, uma entre muitas na Costa Pacífica da Costa Rica. Escolhemos essa depois de fazer quase um referendo à população inteira de Libéria sobre qual a melhor praia da zona.
Na paragem de autocarro de Libéria
Chegámos por volta da hora de almoço e estava um calor enorme. A pousada onde ficámos era espectacular não só pela localização a dois minutos a pé da praia, mas também pela piscina e inúmeras iguanas (quase crocodilos!) que por ali se espreguiçavam ao sol.
Fomos dar uma volta à praia, mas a areia queimava! Só se podia estar à sombra ou dentro de água. A praia era bonita com um areal imenso e zonas rochosas, por onde caminhámos à procura de sombra. Sendo no Pacífico o mar era mais frio. Playa Hermosa é uma praia mais parecida com as nossas.
Dia 30 Quinta-feira 09.02.2012 Playa Hermosa
Passámos o dia entre a piscina e a praia. Dissemos antes que a Playa Hermosa era parecida com as nossas, com uma ‘pequena grande’ diferença: as iguanas gigantes. O areal é imenso, de modo que há espaço para todos disfrutarem a praia. No entanto, não deixa de ser um pouco surreal…
O típico raspado: gelo com leite condensado, leite em pó e um sabor à escolha. O nosso foi côco.
Dia 31 Sexta-feira 10.02.2012 Playa Hermosa-Tamarindo
Costa Rica é famosa pela quantidade e variedade de tartarugas que pôe ovos nas suas praias. Há um lugar chamado Tortuguero, cujo nome deriva desse fenómeno. Esta não é a altura das tartarugas, mas sabíamos que no Parque Ncional Marítimo Baulas (uma espécie de tartarugas de 3 metros de comprimento e 1.5m de altura) ao pé de Tamarindo, talvez tivéssemos sorte. Depois de pequeno-almoço rumámos a Huacas, onde havia que trocar de autocarro.
O azeite vindo de Espanha, fiel amigo de todas as refeições.
Nesse mesmo dia marcámos para ir ver as tartarugas às 18h, visto que este fenómeno se passa sempre à noite. Realmente já não é a época das Baulas, mas há outra praia onde ainda se podem ver tartarugas, mais pequenas com 1m de comprimento. Fomos de carro até uma praia chamada Nombre de Jesus e depois caminhámos uns vinte minutos. Era totalmente de noite e não se podem tirar fotos com flash nem ter lanternas acessas, para não assustar as tartarugas. Ficámos na praia sentadas à espera que o guia fizesse sinal. De repente vemos uma sombra do que parece uma tartaruga a sair do mar, caminhando areal acima muito tranquilamente… espectáculo! Umas tartarugas sobem areal acima até encontrarem um espaço onde começam a escavar para pôr os ovos. Outras sobem o areal, dão meia volta e regressam ao mar. Presenciámos os dois fenómenos e, de verdade, foi realmente impressionante.
Estas são as fotos possíveis, mas acreditem que é realmente espectacular. Não foi fácil todo o percurso até encontrarmos as tartarugas, mas este é já um dos pontos altos desta viagem.
Dia 32 Sábado 11.02.2012 Tamarindo e Santa Rosa
Tamarindo é uma vila de surfistas, para onde muitas famílias Americanas e Canadianas se mudaram pelo sol, mar e estilo de vida. É o lugar perfeito para aprender a fazer surf, a praia é suficientemente grande para iniciados e surfistas mais experientes. É uma vila com muito movimento, festa e uma praia espectacular com a maior quantidade de búzios que alguma vez já vimos.. Tão boa a praia que ficámos mais um dia só para trabalhar para o bronze.
À noite fomos a uma festa em Santa Rosa, uma aldeia a 4km de Tamarindo. Foi uma festa típica ao estilo das de Agosto em Portugal: uma pista de baile e outra de música mais moderna, comida, jogos de feira incluíndo uma rouleta improvisada e até uma praça de touros.
Não podia faltar em Santa Rosa a canção que nos vem a perseguir desde o Panamá:
Dia 33 Domingo 12.02.2012 Tamarindo-NICARAGUA
Acordámos e apanhámos um autocarro de Tamarindo para Liberia, daí outro para Peñas Blancas na fronteira com a Nicaragua. Em Liberia tinhamos quinze minutos para comer alguma coisa e o mais rápido é sempre o típico gallo pinto: arroz com feijão para pequeno-almoço para dar energia. Sempre que pára um autocarro há uma quantidade imensa de pessoas que entram a vender comida, desde enchilladas, água, caramelos, platanitos (plátano verde frito), pipas (água de côco) entre outras coisas. Pois desta vez havia um vendedor de pipas cuja lábia era irresistível: ‘estoy vendiendo un producto ecológico, sin bacterias, natural, sin colorantes o conservantes. 100% beneficioso para la salud, una maravilla!’
O autocarro levou-nos até à fronteira, onde tivemos que descer com as malas, ir para a fila para mostrar o passaporte, pagar as taxas, caminhar uns dez minutos até à Nicaragua e voltar a mostrar a papelada. Já é a segunda vez que atravessamos a pé uma fronteira e, é sempre uma experiência surreal a de caminhar entre dois países. Como nós, há outros viajantes, mas também locais com sacos enormes na cabeça, presumo que com coisas para vender, e claro muitos carros e camiões.
A chegada à Nicaragua foi triunfante! Mesmo na fronteira um turista louco, revoltado por ter que pagar mais uma taxa de $1, resolve dar uma chapada no braço de um dos polícias. Resultado: foi algemado mesmo à nossa frente. Quando chegou a nossa vez de pagar o dólar fizemo-lo com muito gosto! Depois compartimos com outros turistas um táxi até San Juan del Sur, que fica a uns 20 km da fronteira. Passados uns dez minutos de caminho e, depois de ver pela janela os dois vulcões da ilha de Ometepe, um autocarro que vinha em sentido contrário arranca milimetricamente o retrovisor do nosso táxi. Parámos claro e estávamos todos bem, excepto o carro que ficou sem espelho. O taxista chamou um amigo que nos levou até San Juan del Sur. Como dissemos antes, uma entrada triunfante na Nicaragua!
e seguimos…
PONTOS ALTOS DA COSTA RICA
A Costa Rica é um país espectacular, cujo lema é ‘PURA VIDA’, como quem diz que não há melhor lugar para se viver. Foi o primeiro país exportador de bananas, incluindo as famosas Bananas Chiquita.
1. Parque Nacional de Cahuita
2. As tartarugas à noite
3. Punta Uva
4. A entrada no país é impressionante, pela estrada coberta de vegetação tropical. Não há margem para dúvidas de que estamos nas Caraíbas.
5. San José tem uma menção especial, porque a maioria das pessoas que encontrámos pelo caminho falava desta cidade num tom negativo. A verdade é que nos surpreendeu e, muito, pela positiva.
A beleza de tudo o que vimos extende-se com certeza aos sítios que não visitámos. Por isso mesmo, os quinze dias que aqui passámos poderiam ter sido muitos mais. Ficámos com muita vontade de voltar às praias de Punta Uva até Manzanillo. É verdade que as coisas no supermercado, incluindo a cerveja (‘Imperial’ $1.5-$2 lata), são mais caras, mas o preço do alojamento e do transporte são baratos. Portanto, é possível visitar a Costa Rica com um orçamento pequeno.
Resumindo e concluindo: COSTA RICA PURA VIDA!